Aguarde por gentileza.
Isso pode levar alguns segundos...
Traduzido por: Livro Editado em Português do Brasil
Páginas: 338
Ano de edição: 1951
Peso: 620 g
Avalie e comente
Lá pelos anos 1957 ou 1958, os adolescentes de 13 ou 14 anos que liam Monteiro Lobato, além de fazerem uma grande pose de intelectual, se recusavam a ler os livros de "literatura infantil" porque isso era coisa de criança, senão de mariquinhas. Mundo da Lua, longe de ser um diário, é mais um amontoado de observações e frases de efeito que o autor usou, com muito talento, para suas críticas "em linguagem jornalística" da época. Na ocasião talvez tenha sido alguma coisas mais que genial. Lido quarenta ou cinqüenta anos depois, nem dá pra entender direito, visto que não há um enredo concatenado para o entendimento. Miscelânea, é a parte do livro, com o mesmo espírito de "diário" onde ele usa da linguagem intimista, só que em textos mais extensos, numa linguagem pouco mais elaborada - mais para crônica. O foco busca pessoas ou fatos ligados à pessoas, essas naturalmente de seu ciclo de relações interpessoais ou empresariais. Esta parte, chamada de miscelânea, os editores atribuíram aos textos, um viés de despedida. Mero exagero do editor, que enxerga nas entrelinhas fôrma para de fazer outro livro, tipo: "A vida de Monteiro Lobato após a morte".
Mundo da Lua foi o nome que Monteiro Lobato deu a um pequeno volume publicado em 1923 e nunca reeditado. Nele reuniu o que achou de mais interessante num velho Diário da mocidade que ia destruir. Essa coletânea de idéias e sensações aparece hoje aumentada de coisas posteriores e muito nos ajuda a compreender alma do autor. Na Segunda Parte reunimos impressões de muito mais tarde, que ele fixou numa vaga tentativa de prosseguir no velho Diário. Não prosseguiu - e foi pena. Na Terceira Parte vemos uma serie de artigos críticos, de adeuses a amigos, das impressões de viagem que recebeu em Mato Grosso e Minas - e vemos também a sua estranha visão da "moeda regressiva", que teve o dom de atravessar as fronteiras do Brasil. Destoante de tudo mais, aparece um escrito com o nome de Pearl Harbour. Foi o ultimo arranco do Diário coisa saída dolorosamente no dia em que o Japão surpreendeu o mundo com a sua insólita agressão a Pearl Harbour. A armadura do humorismo com que Monteiro Lobato sempre se esconde em tudo quanto escreve não se mostra ali. Que saibamos, são essas as paginas em que seu coração se abre totalmente. (Transcrição da Nota dos Editores)
As locuções populares. Sofrem as locuções populares, plebéias, as injunções da moda como tudo mais. Nascem, propagam-se com rapidez espantosa e morrem esquecidas. Uma ou outra vinga sobrevivência e penetra na língua. Vi nascer nestes últimos tempos boa quantidade delas: Ó ferro! - Nunca vi tanto aço! - Talvez te escreva. - Volte amanhã. - 'tá bom, deixe. - Fale-me logo á saída. E durma-se. - Mamãe, olhe a cara dele! - Dinheiro haja senhor barão! - P'ra burro. - A' bessa. Nascem em geral no Rio, afloram o teatro, expandem-se pela imprensa, dão volta ao país inteiro e morrem. O mesmo se dá com as musicas, modinhas e pilherias. Propagam-se como ondas sonoras. A Caraboo foi cantada e assobiada por milhões de pessoas, numa verdadeira séca. Desbancou-a a Canção do Soldado, por sua vez batida pela Cabocla do Caxangá. Daria obra interessantíssima o histórico dessas criações populares, sua evolução, sua função, sua morte. Vivem intensamente e morrem de pedra e cal. A Caraboo, quem a assobia hoje? Quem a tolera? São em geral lindas. criações, vitimas das suas próprias qualidades. Prostituem-se. Viram "coisas atôas", coisas comprometedoras. Os maiores aficionados acabam repudiando-as forçados por injunções da moral. O canta-las torna-se até ato indecente. . ." A avareza. Um Harpagão de 20 anos é absurdo. A avareza cresce com os anos, porque vi tomando no homem os espaços que com O tempo outras formas de egoísmo deixam vazios. A felicidade dos outros dá ao infeliz a impressão de cruel injustiça. Pudesse um cégo monopolizar os olhos da humanidade e ele o faria para os destruir. A quem não mais pode gosar os prazeres que o dinheiro dá, cada moeda subtraída ao giro é um prazer a menos nas mãos dos outros. Os outros quer dizer os sãos, os jovens, os para quem o dinheiro é ainda o meio mais seguro de adquirir felicidade. O tio Grandet era velho; Shylock também. Ha em Camilo um maravilhoso avarento de sessenta anos, João Antunes. De vinte anos nenhum foi posto em cena. Os velhos perdoam tudo menos o roubo. Para o moço o menor dos crimes é o roubo
Autor: Rede Globo de TV
Veículo: Rede Globo de Tv 2006
Fonte:
A reunião de livros escritos por Monteiro Lobato contando as peripécias de Narizinho, Pedrinho, Dona Benta, tia Anastácia, Emília e o Visconde de Sabugosa, formam sua mais importante e conhecida obra: O Sítio do Pica pau Amarelo. Dona Benta é a vovó de Narizinho e Pedrinho. Ela lê muito e é excelente contadora de histórias. Domina vários idiomas, tem uma grande cultura e sabe de tudo que acontece no mundo. Dona Benta mora no Sítio do Pica pau Amarelo.
"Obras Completas" de Monteiro Lobato, é uma coleção composta de 30 livros, encadernação primorosa, capa dura, na cor verde. Os livros foram adquiridos em 1952 ou 1953, por meu pai, Ari Mafra, quando minha família residia às margens da baia norte, praia de fora, Rua Bocaiúva, 201, Florianópolis, ilha de Santa Catarina. Naquela ocasião meu pai era o Secretário Geral da Caixa Econômica Federal do Estado de Santa Catarina, uma espécie de Superintendente, na hierarquia da época. Frequentemente ele escrevia artigos para o jornal "O Estado". Também era professor titular do Instituto de Educação Dias Velho, onde lecionava Português, no curso Clássico, que corresponde aos três últimos anos, do atual curso médio. Na casa amarela (depois, em 1955 foi pintada de cor-de-rosa) da Rua Bocaiúva, os livros verdes do Monteiro Lobato, ficavam expostos, numa imponente estante, de pau marfim, num dos quartos da frente da casa, também chamado de escritório, onde ficava instalado o aparelho telefônico, número 2996. Ali, sentado a uma mesa, também de pau marfim, meu pai corrigia as provas de seus alunos. Eventualmente o escritório também servia de quarto de para hospedar, por poucos dias, algum parente. Meu pai e meu irmão Mario, já se encontravam em Brasília desde 1959. Eu, Miguel, Ari, Marilena e Vera, juntamente com minha mãe Eli, só viemos para Brasília, no dia 9 de maio de 1960, uma ensolarada segunda feira. Pela manhã embarcamos num Douglas DC-3 da Real Aerovias, com destino a São Paulo e escala em Curitiba. Em Congonhas, no início da tarde, fizemos conexão com outro vôo da Real, um possante Douglas Convair 240, em vôo sem escala, que chegou a Brasília, quase as 18 horas. Toda a "mudança" estava acomodada em 11 malas e 2 sacos de viagem. Um dos poucos pertences que não eram roupas nem objetos de uso pessoal foram os 30 livros da coleção do "Monteiro Lobato". Embora não fosse um mistério, nunca se soube por que motivos os livros vieram com a família. Talvez porque não houvesse para quem deixá-los. Inicialmente moramos numa pequena casa, construída pela FCP Fundação da Casa Popular, na Avenida W-3 Sul, quadra 24, atualmente HIGS 709. Em 1961 fomos morar no Bloco 11, da Super Quadra Sul 413. Nos dois endereços, os livros verdes estavam lá - majestosamente enfileirados - numa prateleira do fundo de corredor, como um marco importante para assinalar a "cultura métrica" da família. Em 1965, Marilena, ao se casar com Jaime Colares, levou consigo os livros do Monteiro Lobato. Eles foram morar na Avenida W 3 Sul, Quadra 40, hoje HIGS 712, numa casa de "fundos". Para decorar a modesta sala, Marilena se utilizou da "cultura métrica" colocando numa estante, entre enfeites decorativos e um aparelho de TV os livros do Monteiro Lobato. O mais importante é que ela guardou e cuidou com muito desvelo e carinho dos livros durante os últimos 41 anos. Em março de 2006, Marilena cedeu a coleção inteira, após saber do meu interesse e da existência da bibliomafrateca. Então a bibliomafrateca passou a ser a depositária das obras completas de Monteiro Lobato. Urupês foi o único livro extraviado. Para substituí-lo adquiri, num sebo, um exemplar, edição de 1959.
Receber nossos informativos