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A história do professor Robert Langdon, que numa louca corrida através das cidades italianas de Florença e Veneza tenta desvendar um mistério cujas pistas estão inseridas nos versos do poema “Divina Comédia, de Dante Alighieri” e também no quadro “Mapa do Inferno” do pintor “Sandro Botticelli”. Langdon é um excelente conferencista, professor de Havard e historiador especializado em simbologia. Ele acorda num hospital para onde tinha sido levado, com um tiro na cabeça. A cirurgia resulta numa amnésia parcial que dificulta muito o entendimento dos fatos. Ainda no hospital sofre outra tentativa de assassinato, sendo salvo pela interveniência da médica Sienna Brooks .Eles escapam e a partir daí empreendem uma luta contra o tempo, na tentativa de evitar a possível contaminação da população mundial, por vírus ou bactérias, que imaginam são absolutamente mortais.
O banheiro do Frecciargento não era maior do que o de um avião comercial - mal havia espaço para se virar. O homem de pele irritada encerrou a ligação com o diretor e guardou o telefone no bolso.
A situação mudou, percebeu ele. De repente tudo parecia ter ficado de cabeça para baixo e ele precisou de alguns instantes para se situar.
Meus amigos agora são meus inimigos.
O homem afrouxou a gravata e encarou no espelho o rosto coberto de pústulas. Seu aspecto estava pior do que ele imaginara. O rosto, porém, era pouco preocupante se comparado à dor que ele sentia no peito.
Com gestos hesitantes, ele desabotoou a parte de cima da camisa e a abriu.
Forçou-se a olhar no espelho ... e examinou o peito nu.
Meu Deus.
A área enegrecida estava aumentando.
A pele no centro de seu peito estava escurecida por um negro-azulado profundo. A mancha, que havia aparecido na noite anterior, do tamanho de uma bola de golfe, agora estava tão grande quanto uma laranja. Ele tocou delicadamente a pele sensível e fez uma careta.
Apressou-se em abotoar a camisa de volta, esperando ter forças para fazer o que devia ser feito.
A próxima hora vai ser decisiva, pensou. Uma delicada série de manobras.
Fechou os olhos e se recompôs, repassando mentalmente tudo o que precisaria acontecer. Meus amigos se tornaram meus inimigos, tornou a pensar.
Respirou fundo várias vezes, em constante agonia, na esperança de que isso o acalmasse. Sabia que precisava manter a serenidade se quisesse esconder suas verdadeiras intenções.
Paz de espírito é fundamental para uma atuação convincente.
O homem de pele irritada estava habituado a farsas, mas mesmo assim seu coração batia acelerado. Tornou a respirar fundo, latejando de dor. Você vem enganando as pessoas há anos, lembrou a si mesmo. É isso que faz da vida.
Reunindo forças, preparou-se para voltar à companhia de Langdon e Sienna.
Minha última atuação, pensou.
Como uma precaução final antes de sair do banheiro, retirou a bateria do telefone, certificando-se de que o aparelho não pudesse mais ser usado.
Como ele está pálido, pensou Sienna quando o homem de pele irritada tornou a entrar na cabine e se acomodou na cadeira com um suspiro de angústia.
- Está tudo bem? - perguntou ela, genuinamente preocupada.
Ele assentiu.
- Sim, tudo bem. Obrigado.
Como o homem não parecia disposto a compartilhar nada mais do que isso, Sienna mudou de tática:
- Se não se importar, preciso do seu telefone de novo. Gostaria de continuar buscando mais informações sobre o doge. Talvez consigamos encontrar algumas respostas antes de visitarmos a Basilica de São Marcos.
- Claro - disse ele, tirando o celular do bolso e verificando a tela. - Ai, droga. Minha bateria estava quase acabando durante a ligação. Parece que agora morreu de vez. - Ele olhou de relance para o relógio. - Já estamos chegando a Veneza. Vamos ter que esperar.
Autor: Luis Eduardo Matta
Veículo: Jornal O Globo - Segundo Caderno, Pagina 3, Domingo 26 de maio de 2013
Fonte: Especial para O Globo - Segunda Carderno, Pagina 3, Domingo 26 de maio de 2013
INFERNO É FIEL AO ESTILO SUPERCONSAGRADO DE DAN BROWN
Reviravolta emocionante na trama torna, porém, o livro diferente dos anteriores.
Cotação: Ótimo
Por Luis Eduardo Matta - escritor
Especial para O Globo - Segunda Carderno, Pagina 3, Domingo 26 de maio de 2013
Após a estreia com Fortaleza digital, lançado em 1998, e, sobretudo, graças ao sucesso alcançado com "O código Da Vinci" (2003), Dan Brown promoveu uma renovação na linguagem do
-thríller, ao misturar os ingredientes tradicionais do gênero suspense, ação e mistério - a elementos instigantes de teor histórico, científico e religioso.
No decorrer de cada um dos seus livros, doses generosas de informações, que abarcam universos tão distintos quanto arte renascentista, física de partículas, simbologia cristã e biologia vão sendo reveladas, sem que isso prejudique o ritmo narrativo. Tudo temperado
pela habilidade do escritor em adulterar sutilmente alguns dados a fim de confundir o leitor e índuzí-lo, em vários momentos, a se questionar sobre o que ali é ficção e o que é real.
E, também, por uma técnica notável de deixar os protagonistas sob pressão constante,
fugindo e investigando ao mesmo tempo, em aventuras tensas e ágeis que, via de regra,
se desenrolam num intervalo de poucas horas.
COMEÇO PERTURBADOR
Em seu novo lançamento, "Inferno" (Arqueiro, tradução de Fernanda Abreu e Fabiano Morais, 448 páginas, R$ 39,90), Dan Brown manteve-se fiel ao estilo que o consagrou. O livro, o sexto de sua carreira, é o quarto protagonizado pelo seu mais célebre personagem, o professor de simbologia de Harvard, Robert Langdon. O começo da história é perturbador: Langdon acorda desmemoriado num leito hospitalar com um ferimento à bala na cabeça e atormentado por pesadelos onde uma mulher de cabelos grisalhos o encara na margem oposta de um rio de águas ensanguentadas e repleto de cadáveres. Ao olhar pela janela, ele reconhece a torre do Palazzo Vecchio e se dá conta de que está em Florença, sem, contudo, ter a menor Idéia de como e por que fora parar ali. Antes que possa pensar a respeito, ele sofre uma tentativa de assassinato dentro do hospital e se salva graças à ajuda de Síenna Brooks, a médica que o atendia no momento. A partir daí, Sienna torna-se a parceira feminina da vez de Langdon, a exemplo de Sophie Neveu em "O código Da Víncí" Vittoria Vetra em "Anjos e de
mônios"; e Katheríne Solomon, em "O Símbolo Perdido".
Langdon logo encontra em seu paletó um misterioso tubo de metal gravado com o ícone de ameaça biológica. Ao telefonar para o consulado dos Estados Unidos a fim de pedir ajuda, descobre, horrorizado, que o governo de seu próprio país instruíra alguém para mata-lo. Tem início, então, uma corrida desesperada no melhor estilo dos livros de Dan Brown, que levará Langdon e Sienna a percorrer ruas e monumentos de Florença e de lá rumar para Veneza e Istambul, a fim de evitar um ataque bíológico urdido por um geneticista fanático por Dante Alíghíeri que dias antes se suicidara.
A chave para o mistério está numa série de códigos inspirados na "Divina comédia'; em especial no "Inferno'; que Langdon e Sienna vão decifrando enquanto fogem de um verdadeiro exército de perseguidores fortemente armados e dispostos a capturá-los a qualquer custo.
RITMO FRENÉTICO
"Inferno" segue nesse ritmo frenético até a chegada dos personagens a Veneza, quando esfria subitamente. Em parte, isso se deve à descrição exageradamente minuciosa da cidade, que Dan Brown faz ao longo de parágrafos intermináveis, deixando bastante clara a sua adoração por Veneza. Mas é justamente neste momento que a trama sofre a sua reviravolta mais impressionante, e que torna esse livro totalmente diferente dos anteriores protagonizados pelo simbologista de Harvard.
A faceta polêmica de "Infernol" fica por conta de um tema que Dan Brown aborda sem cerimônia: o da superpopulação humana. Assim como aconteceu com Michael Crichton em "Estado de medo" ao pôr em dúvida o aquecimento global, Dan Brown poderá ser questionado sobre se endossa a tese do antagonista do seu novo livro de que o alto índice de natalidade humana é a principal catástrofe ambiental num planeta já bastante povoado. E que, por causa disto, a Terra estaria sob o risco de se ver transformada em breve numa versão real do inferno criado por Dante Alighieri.
Luis Eduardo Matta é escritor
Autor: Luiz Prisco
Veículo: Jornal Correio Braziliense
Fonte: Correio Braziliense, Brasilia Domingo, 2 de junho de 2013 - caderno Diversão e Arte, pagina 8
Comprei Inferno no mesmo dia em que chegou à Livraria Cultura de Brasília, porque todos os jornais e revistas faziam menção ao grande lançamento de Dan Brown, e informavam que a história se passa em Florença e Veneza, na Itália. Por coincidência eu acabara e voltar de uma viagem pela Itália. Conhecendo o estilo detalhista do autor, fiquei mais motivado pela compra do livro porque, certamente, iria “rever” os museus, ruas, praças, palácios e monumentos daquelas maravilhosas cidades.
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