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Traduzido por: Livro Editado em Português do Brasil
Páginas: 203
Ano de edição: 2013
Peso: 295 g
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Papo de Viagem e outras histórias de bar são aquelas historias de viagens divertidas e – quase sempre - impublicáveis, que se contam para os amigos, numa uma mesa de bar. São quatorze deliciosos capítulos sobre os destinos turísticos que todo bom mochileiro ou sofisticado viajante de primeira classe já visitou.
Pílulas egípcias
Clarissa Donda
Uma viagem a um país diferente do nosso - e digo em clima, religião, cores e sabores - é sempre enriquecedora.
E inusitada, especialmente se a proposta da viagem é algo mais intimista: se embrenhar nos confins do país, se permitir experienciar e conhecer locais novos.
Nisso, a gente vai descobrindo realidades, conhecendo gente como a gente e, sobretudo, colecionando" causos". Curtos e deliciosos.
Por isso, nasceu a ideia de produzir as pílulas de viagem: mini-histórias divertidas, administradas em doses homeopáticas. Fáceis de ler, curtir e, o melhor, não causam efeitos colaterais - exceto o de querer viajar.
Estas são as pílulas egípcias, importadas diretamente da milenar nação dos faraós - uma prova concreta de que há no Egito muito além das pirâmides do que supõe a nossa vã filosofia ...
I - Acampando no deserto do Saara "White Desert' - parte do Deserto do Saara que fica em terras egípcias. Nosso grupo acamparia lá durante a noite, em uma tenda beduína e sob um céu espetacularmente estrelado.
Tudo lindo, até que ...
- Vem cá, dormir aqui é perigoso? - pergunta alguém.
- Não, responde o guia.
-Ah, tem certeza? Não corre o risco de a gente ser assaltada por bandidos, atacada, morta? Quer dizer, a gente tá aqui no meio do deserto, não tem para onde fugir, fica tudo escuro de noite ... E se acontece alguma coisa???
- Não, não tem esse risco. O país depende do turismo e existem muitos acampamentos semelhantes ao nosso espalhados aqui pelo deserto. Todo mundo que opera no deserto acaba se conhecendo, porque tem que registrar a entrada e a saída dos veículos. O pessoal daqui respeita a atividade e já está acostumado a trabalhar assim.
- Mas, sei lá, e bichos? Não tem nenhum bicho perigoso? Uma cobra? Tenho pavor de cobra!!! - a pessoa insiste, já suando frio por antecipação.
- Sim, tem cobras, mas mesmo as venenosas fogem da fogueira, não atacam um grupo grande assim e a gente já conhece essa área de cá. É tranquilo. o guia continua respondendo às perguntas, impassível e todo "trabalhado na vibe do "relaxa que eu sei o que tô fazendo"",
- Mas e bichos maiores? Não tem nenhum? Ai, ficar aqui sozinha me deixa nervooooosa ...
A voz falha. A pupila dilata. O ser humano não sabe o que fazer com as mãos.
- Não, só tem a raposa do deserto, mas ela se assusta fácil. Muitas vezes ela se aproxima, mas é para roubar os restos da nossa comida e foge em seguida. Não se preocupe.
- Ai, ai, ai, sei não ... Não tem nenhum bicho perigoso?
Nada, nadinha? Impossível!!! Você está escondendo alguma coisa da gente!
- Bem, na verdade, existe uma espécie de escorpião egípcio que vive nos desertos.
- AI MEU DEUS! Jura? Nesse deserto aqui?
A criatura começa a ter uma síncope.
-Sim.
- E ele pica pessoas?
- Pode acontecer.
- E se ele picar a gente?
- Você morre em três minutos, no máximo.
Pronto. Piti.
- AI, MEU DEUS!!! Como é que você me diz isso, assim??? E se acontecer? E se aparecer um escorpião?
E se esse escorpião me picar no meio da noite, quando estiver todo mundo dormindo? E como eu vou conseguir um mínimo de socorro, aqui no meio do deserto?
E se eu morrer? E aí, como é que eu vou ficar??? O que a gente vai fazer se isso acontecer?
o guia, baluarte da paciência, dá uma baforada no seu cigarro de palha com toda a calma do mundo e diz para a pobre alma:
- Maktub" - e aponta para o céu estrelado -, estava escrito.
Em tempo: esse diálogo aconteceu. Com Maktub e tudo. E eu achei por bem nem entrar na conversa. Mas, por via das dúvidas, reapliquei duas vezes o repelente e fechei bem vedadinho o saco de dormir. Vai que não custa nada, né?
" Palavra em árabe que é interpretada como "já estava escrito" e geralmente utilizada quando se refere a um acontecimento que já estava traçado pelo destino.
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Viajo bastante. Numa dessas viagens me deparei com um comentário – que perdi – sobre o livro “Papo de Viagem”. Pedi o livro por via internet e fiquei surpreso e encantado com um bilhetinho pessoal, tipo “post-it” colado à folha de rosto e uma dedicatória: “Marcio, viagens são feitas de pessoas e experiências. Espero que este livro te inspire a viajar, para que novas pessoas e experiências sejam adicionadas à sua vida. Grande Abraço, Jana.” . Vou tentar encaminhar o comentário do livro para as autoras.
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