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Traduzido por: Livro Editado em Português do Brasil
Páginas: 680
Ano de edição: 1977
Peso: 1.015 g
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Informações e comentários do dia-a-dia político recolhidos na famosa Coluna do Castelo, publicação diária do Jornal do Brasil, cobrindo todo o governo do ditador José Umberto Castelo Branco, no período que vai de abril de 1964 à março de 1967.
Sem recorrer até agora aos poderes de emergência que se atribuiu por intermédio do Ato Institucional nº2, o Governo Federal chega às vésperas da posse do Sr. Negrão de Lima -aparentemente em condições de assegurá-la, tais as providências de controle do dispositivo militar e até mesmo de segurança policial que tomou nos últimos dias. O Presidente Castelo Branco tem-se conduzido com energia apenas contida pela prudência requerida pela instabilidade e a fluidez de uma situação na qual não se definem com absoluta precisão os elementos em que se apóiam as decisões do Governo.
O que há de nítido é a orientação do Presidente, o alvo em direção do qual caminha o Governo, mas na verdade os métodos da marcha têm comportado alternativas táticas que levam em conta as nuanças das posições individuais dos diversos setores militares. Isso significa que há riscos ainda e que o êxito da marcha depende em grande parte da dosagem das medidas impostas pela emergência e da segurança no leme.
O Presidente já se sabe que não cederá até o dia 5, na busca do alvo, bem como não pretende submeter-se a pressões incompatíveis com o exercício do seu comando nacional.
Do lado da linha dura, cuja ação vem sendo cerceada por enquanto com o simples recurso aos regulamentos militares e o exercício da hierarquia judiciária, o esforço continuado de impedir que o Sr. Negrão de Lima permaneça no Governo não cessou um minuto sequer, muito embora vá a esta altura se consolidando a impressão de impotência dos grupos radicais pelo menos para cobrir a primeira etapa do seu programa.
Pelas notícias chegadas a Brasília, o Sr. Carlos Lacerda, nome a que se associam geralmente as ações da linha dura militar, quebrou o seu silêncio para uma investida final contra o Governo, ao mesmo tempo que se programava para a manhã de hoje, em frente ao Palácio da Guanabara, manifestação de senhoras que pretenderiam retirar do prédio a placa comemorativa da Revolução de março e quebrá-la no meio da rua.
Manifestações de nervoso inconformismo, previsíveis no clima que se criou, poderão suscitar medidas mais enérgicas que o Governo não deixaria de tomar para completar, amanhã, com um espetáculo tranqüilo, sua corajosa decisão de convocar e realizar eleições populares.
O Sr. Pedro Aleixo anunciava ontem que já subscreveram a lista de formação da ARENA 180 deputados e 28 senadores. "Todos revolucionários?" perguntou-lhe um repórter. "Ê como no jansenismo", respondeu o líder, "os que não se salvarem pela obra se salvarão pela misericórdia".
Não há vetos ao ingresso de deputados e senadores no Partido do Governo, mas apenas uma exigência de fidelidade às decisões políticas da direção. Quem não estiver disposto a ser fiel, que não assuma a responsabilidade, pois o Partido punirá com a expulsão os que votarem contra suas recomendações.
Já a oposição será um Partido mais aberto, pois admitirá a colaboração em escala muito flexível à administração federal e até mesmo à política do Presidente. Ali só fará oposição quem quiser fazê-la.
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Em 1964, os militares promoveram um golpe militar e tomaram o poder, por mais de 20 anos. Fizeram eleger um Marechal como Presidente da Republica, que governou o país de 64 à 67. Daí adveio a censura e outras mazelas típicas de qualquer ditadura. Em meio a confusão, o Jornalista Carlos Castelo Branco foi indicado e durante um tempo, exerceu as funções de "assessor de imprensa" da Presidencia da Republica. Ele assinava diariamente a "Coluna do Castelo" no Jornal do Brasil. Era uma privilegiada visão jornalística, enriquecida por detalhes, fatos e comentários que só um jornalista poderia dispor. Dez anos depois de deixar o governo ele publicou este livro.
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