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Editora: Civilização Brasileira
Traduzido por: Leda Maria Gonçalves Maia
Páginas: 107
Ano de edição: 1970
Peso: 305 g
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Viagem ao Oriente é uma viagem no tempo e no espaço, em busca da verdade, tendo por companhia, os membros da Confraria: Platão, Don Quixote, Pitágoras e Baudelaire. É - de alguma forma - uma alegoria muito fascinante que bordeja o realismo fantástico. Para quem não leu Sidarta, este livro é ótimo. Para quem já leu, nem tanto.
Viagem ao Oriente é uma jornada que o autor percorre, no tempo e no espaço, em busca da verdade, tendo por companhia, os membros da Confraria: Platão, Don Quixote e Baudelaire.
Venho pensando constantemente em minha decisão, desde que escrevi os capítulos anteriores, tentando solucionar minhas dificuldades. E não encontrei uma saída. Ainda me acho confuso. Mas estou determinado a não desistir, e no momento em que assim decidi, atravessou-me a mente uma agradável lembrança. Foi o mesmo que me ocorreu, quando iniciamos a expedição; àquela época, havíamo-nos dedicado a uma emprêsa aparentemente impossível, viajávamos nas trevas, sem conhecer nossos rumos e planos. E, apesar disso, tínhamos dentro de nós uma fôrça mais possante que a realidade ou a probabilidade, que era a fé nos desígnios e na necessidade de nossa ação. Tive um estremecimento ao recordar êste sentimento, e naquele abençoado momento tudo tornou-se novamente claro e possível. Decidi executar meus planos. Ainda que seja necessário recomeçar dez, cem vêzes minha narrativa, chegando sempre ao mesmo cul-de-sac, cem vêzes a retomarei. Se não me fôr dado reconstruir as imagens em forma de um todo corrente, apresentarei cada fragmento isolado tão fielmente quanto possível. E, tanto quanto me fôr agora ainda permitido, observarei o preceito máximo de nosso importante período, jamais deixando-me embaraçar pela. razão, tendo sempre em mente que a fé é mais forte que a realidade, como a denominamos. Durante êsse intervalo, fiz uma sincera tentativa de abordar meus objetivos de uma maneira prática e judiciosa. Procurei um amigo de juventude que mora nesta cidade e é diretor de um jornal. Seu nome é Lucas. Participou da Grande Guerra e publicou um livro de grande tiragem sôbre o assunto. Lucas recebeu-me calorosamente. Como é natural, tinha prazer em rever um antigo companheiro de colégio. Tive duas longas conversas com êle. Tentei fazê-lo compreender minha situação. Deixei de lado as evasivas. Disse-lhe com tôda a franqueza que participara daquela magnífica jornada da qual êle também já deveria ter ouvido falar, a Viagem ao Oriente, a expedição da Confraria, ou qualquer que fôsse a sua denominação para o público. Sim, naturalmente, sorriu com ironia, é claro que se lembrava. Entre seus amigos o singular episódio era conhecido principalmente, talvez com um certo desrespeito, como a Cruzada Infantil. Tal movimento não era levado a sério por seu círculo de amigos. Fôra inclusive comparado a uma espécie de movimento teosófico ou uma irmandade. Haviam também ficado surpresos com os êxitos periódicos da emprêsa. Leram com o devido respeito sôbre a destemida viagem através da Suábia Superior, do triunfo em Bremgarten, da rendição da aldeia montanhosa de Tessin, e muitas vêzes perguntavam-se se o movimento desejaria colocar-se a serviço de um govêrno republicano. O assunto, então, esgotou-se. Muitos dos antigos líderes abandonaram o movimento; na verdade, pareciam de certo modo envergonhar-se dêle, e não mais desejavam lembrá-lo. As notícias a êsse respeito eram poucas e sempre estranhamente contraditórias. Assim, a questão foi posta de lado ad acta e esquecida, como tantos movimentos políticos, religiosos e artísticos considerados excêntricos, naquela época do após-guerra. Foi um período rico em profetas, sociedades secretas com esperanças messiânicas, que surgiam e desapareciam sem deixar vestígios. Êle deixou clara sua opinião, a de um cético bem intencionado. Todos os que ouviram sua história, mas dela não haviam participado, talvez tivessem pensado o mesmo sôbre a Confraria e a Viagem ao Oriente. Não tinha a intenção de convencer Lucas, mas prestei-lhe algumas informações esclarecedoras. Por exemplo, disse-lhe que nossa Confraria não era uma conseqüência do após-guerra, mas que atravessara tôda a história universal, é claro que, algumas vêzes, de maneira discreta, porém formando uma linha contínua; que, mesmo certas fases, como a da Grande Guerra, não passaram de estágios da nossa história; e também que Zoroastro, Lao-Tsé, Plato, Xenofon, Pitágoras, Albertos Magnos, Don Quixote, Tristram Shandy, Novalis e Baudelaire eram co-fundadores e membros da Confraria. Êle sorriu exatamente da maneira que eu esperava.
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Minha amiga Jussara Zakarewicz sempre foi uma apreciadora dos livros de Hesse. Em 1971, emprestou-me este. Sua assinatura está na primeira pagina do livro. Ainda penso em devolvê-lo.
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