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Traduzido por: Livro Editado em Português do Brasil
Páginas: 164
Ano de edição: 1985
Peso: 195 g
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Continhos. De nada. Esta grande obra, foi editada pela grande editora Horizonte, do Geraldo Vasconcelos, de Brasília, como parte da coleção 10 contos escolhidos, dos melhores autores do Brasil. A edição se deu em 1985, coincidentemente, o primeiro ano do mandato do autor, como Presidente da República Federativa do Brasil. A este fenômeno litero-poético-contista chama-se, também, de bajulação oportunista. É ler estes 10 maravilhosos contos e depois morrer feliz.
Os boastardes - Os bonsdias - Os boasnoites - Merícia do Riacho Bem Querer - Joaquim, José, Margarido, Filhos do velho Antão - Beatinho da Mãe de Deus - O cavalo graúna - A camarista Bertoldo - A baba de sangue - As fagulhas de Sal.
Vinte linhas: Cada linha vinte e cinco braças. Cada braça um dia. na derrubada, na coivara, no fogo, no plantio, na capina, na colheita. Suor, sede, lábios secos, costas ardidas do sol, mãos grandes e duras, calos de quem faz, da mulher, dos filhos que ajudam, dos ajuntados que no mutirão plantam e colhem, colhem e comem.
A roça de Satiro Língua-Mole estava verde e crescia bem. Molhada, seria boa colheita. Com azares pequenos. Destes de todo ano e de toda roça. A hora ruim passara. No princípio, quando jogou a semente, veio uma estiagem grande e de novo teve de semear.
Os brotos da folhinha esguia de um verde-claro, tênue, balançando devagar na corrida da brisa, foram visitados pela lagarta, a comer alguns ollios. Mas poucos. Diferente do ano anterior. Ano terrível de pulgão comendo na roça e nos guardadores, violentamente, das duas cores. O preto: roedor de embrião, invisível quase,- miúdo, piolhento, escondido, demônio, satanás. O vermelho, este que vai furtar no paiol,
gazea como papo de graúna, deixa cuim de tudo, esfarinha, esfarela o grão, pulgão danado, esfomeado, que nasce do nada, se mete no tabuado e nas paredes de taipa.
Este inverno, não. Tudo estava correndo bem. Os cachos pendurando, baloiçantes, e várias manhãs, suspenso o sol, levantando o aguaceiro, Língua-Mole e Zequinha viam a roça longamente. Começava a capina. Todos,mulher:filhos grandes e pequenos. Até mesmo Badu, que começava a caminhar, ia para a morde dela.
- Prumode que o Badu aqui junto? - Zezinho perguntou.
- Pra ajudar. Enquanto a gente trabalha, a mutuca persegue, num deixando produzir. A mutuca toca o ferrão no Badu e larga a gente. Deixa aí pra mutuca chupar.
Os lombos curvados, suarentos, braços firmes, patachos na mão, arrancando as vassouras de botão, viçosas, brotando da vessada. Ao simples gesto o mosquedo esvoaça. As muruanhas voando em cortina, sem avançar e zunindo. Moscas pequenas pousando aqui e ali, mutucas e mutucudas, varejeiras e piuns.
Três lances no chão, um no rosto, no lombo, no pescoço, a espantar a malícia. E Badu, dois anos, indefeso, chorando, batendo, atraindo os bichos para os homens trabalharem um pouco mais.
- É assim que se fazem os machos. Morde a nós, morde a ele.
Debaixo da ramada baixa, dois beirais em quina, cobertos com pindovas, apanhadas ali mesmo, escapadas da queima e do corte, estava a cabaça de água. Os goles marcavam as horas do dia e as palavras eram poucas. Trocadas assim, de raspão, sobre rezas, sobre peixes, sobre plantas, sobre a terra
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Ganhei este livro, em algum evento profissional ao qual tive que comparecer.
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