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Editora: Civilização Brasileira
Traduzido por: Brenno Silveira
Páginas: 302
Ano de edição: 1962
Peso: 540 g
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O Advogado do Diabo é um dos grandes sucessos de Morris West. Romance feito para emocionar, trata de aspectos importantes da natureza humana: fome, paixão, solidão, sexo, dinheiro, poder e o grande mistério do destino do homem. Marcante é a arquitetura da história. O final é muito simples e agradável. Não é bom perder de vista que Morris West tinhas uma fábrica de livros, no mesmo figurino de Jack Higgins, John Grisham, Mario Puzzo, John Le Carré, Sidney Sheldon, Harold Robbins, Hermann Hesse, JM Simmel, Janet Dailey, Stephrn King, Tom Clancy e outros menos votados.
Para iniciar um processo de canonização, o padre Blaise Meredith é escolhido pelo Vaticano para as funções do Advogado do Diabo. Ele se vê envolvido numa rede de intrigas e interesses escusos dos parentes e amantes do candidato a santo. Mas não há como fugir das rígidas imposições do Direito Canônico.
S. Exa. Revma. Sorriu entre dentes, encantado, quando Meredith lhe confessou, pesaroso, a sua negligência matinal. - Ótimo! Ótimo! Ainda faremos do senhor um camponês! Teve sonhos agradáveis? - Não tive sonhos - respondeu Meredith, com sêco bom humor. - E isso foi uma mercê tão grande quanto o sono. Mas não adiantei muito o trabalho. Corri os olhos, antes do almôço, por alguns depoimentos, mas lamento dizer que os acho um tanto insatisfatórios. - Insatisfatórios. .. De que modo? - É difícil de se definir. Foram feitos da maneira normal. São, evidentemente, resultado de cuidadosa interpelação de testemunhas. Mas - como é que direi? - não dão uma idéia clara de Giacomo Nerone, nem das próprias testemunhas. E, para os fins que temos em vista, ambas as coisas são importantes. A figura poderá crescer, claro, à medida que eu prossiga a leitura, mas, por enquanto, não há contornos nítidos. O bispo concordou com um sinal de cabeça: - Essa é também a minha impressão. É uma das razões de minhas dúvidas acêrca do assunto. Os depoimentos constituem, todos, uma única peça. Não há elementos de conflito ou controvérsias. E os santos são, em geral, pessoas que despertam muita controvérsia. - Mas há elementos de sigilo - ajuntou, tranqüilo, Meredith. - Precisamente - aquiesceu o bispo, sorvendo o seu vinho e refletindo sôbre a sua explicação. - Quase se diria que uma parte da população se convenceu de que êsse homem era um santo e queria prová-lo a qualquer custo. - E a outra parte? - Estava resolvida a nada dizer... Quer a favor, quer contra. - Ainda é muito cedo para que eu julgue êsse ponto - observou, cauteloso, Meredith. - Ainda não li nem estudei suficientemente o processo. Mas o tom das declarações que li até agora é afetado e estranham ente irreal, como se as testemunhas estivessem falando uma nova língua. - E estão! - exclamou o bispo com vivo interêsse. É bastante curioso, meu amigo, mas o senhor tocou num problema que há muito tempo me preocupa: a dificuldade de comunicação precisa entre o clero e os leigos. É uma dificuldade que, ao invés de diminuir, aumenta, e que inibe mesmo a intimidade purificante do confessionário. A raiz disso, penso eu, é esta: a Igreja é uma teocracia, governada por uma casta sacerdotal, da qual o senhor e eu somos membros. Temos uma linguagem própria - uma linguagem hierática, se quiser - formal, estilizada, admiràvelmente adaptada a definições legais e teológicas. Infortunadamente, também temos uma retórica própria, que, como a retórica do político, diz muito e comunica pouco. Mas não somos políticos. Somos professôres - professôres de uma verdade que afirmamos ser essencial para a salvação do homem. Contudo, como é que a pregamos? Falamos incessantemente de fé e esperança, como se estivéssemos empregando uma forma cabalística de encantamento. Que é a fé? Um salto no escuro para as mãos de Deus. Um ato inspirado de vontade que constitui a nossa única resposta ao terrível mistério de se saber de onde vimos e para onde vamos.
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Consta da folha de capa um carimbo: Ari Mafra Filho, Rua 20 nº 70 Ato 503, Goiânia. Meu irmão Ari, quando morou em Goiania entre os anos 1972 e 1974, em companhia de meus pais, adquiriu - ou, talvez, tenha apenas carimbado – um dos maiores, senão o maior sucesso de Morris West.
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