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Traduzido por: Livro Editado em Português do Brasil
Páginas: 269
Ano de edição: 2000
Peso: 510 g
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Amyr Klink é um bom contador de histórias, talento típico dos árabes e seus descendentes. Mar Sem Fim é o relato da sua viagem de circunavegação pela antártica, que começou em 31 de outubro e durou exatos 79 dias. Bem no estilo de diário, o livro encanta pelo inusitado. Chateia pelo excesso de latitudes, longitudes, velocidades, horas e outras dimensões que em nenhum momento disfarçam o tecnicismo, muito típico do linguajar pernóstico dos pilotos e velejadores, sem contar os pés e nós - como se todos os leitores entendessem a sofisticada linguagem de bordo. Salvo o relato da aventura em si, todo o resto mais parece uma aula de planejamento estratégico, gerenciamento de riscos e demonstração da qualidade do trabalho técnico, realizado por sua equipe de terra, no melhor gênero do programa ISO 9000. O autor, excelente contador de história, neste livro ficou muitas milhas distantes de um escritor, digamos, mediano. Até a história da garrafa de champanhe, levada para bordo para comemorar o natal de 1998, ficou perdida e deslocada no meio de tanto mar. O pior de tudo é o "Diário de Terra" escrito por sua mulher, Marina, pendurado ao final do "Mar Sem Fim" . Completamente deslocado, desfocado e fora de lugar. Seria o mesmo que "pendurar" ao final do livro "Gabriela Cravo e Canela" de Jorge Amado, o livro escrito por sua mulher Zélia Gattai. Ainda assim é preciso ressaltar que o projeto gráfico de "Mar Sem Fim" , com magníficos mapas, roteiros e ilustrações, sem contar as espetaculares fotografias, valem o preço do livro. Amir Klink é um inigualável velejador. O livro nem tanto.
A viagem do aventureiro Amyr Klink, ao redor do mundo, através da rota complicada e perigosa: a Antártica.
A luz do fogo escapando pela portinhola de vidro rebatia trêmula no painel elétrico e no teto. Com as rajadas mais fortes, sumia e voltava em seguida. Sentado no velho banquinho de madeira na frente do aquecedor, mangas arregaçadas, esfregava as mãos sobre a chapa quente. Fazia frio, e um vento ruim descia das geleiras do canal de Neumayer para o Sul. Cá dentro, silêncio. E conforto. Que conforto! O único som eram os estalos de alguns gelinhos que conseguiam atravessar as pedras da entrada e passavam raspando no casco. Estalos que há um bom tempo não ouvia. E os gritos esparsos dos gentoos, lá fora. Depois de duas horas puxando cabos e correntes entre as pedras e o barco e mais um par de horas dentro, limpando o aquecedor havia meses desligado, meus dedos pareciam as garrras de um monstro. O carvão e a fuligem impregnavam os calos e cortes, mesmo após seguidas lavagens com a superpasta laranja de areia. Completamente impossível traduzir a alegria, ainda ensopado e salgado, de estar ancorado em Dorian, de pisar nas velhas pedras a procura de onde fixar as correntes, de sentir o Paratii estável como uma laje, o mastro quieto, nenhum balanço. A montagem da teia de cabos entre as pedras, a âncora e o barco foi mais cansativa do que um dia inteiro de mau tempo lá fora. Por graça da maré cheia, para abraçar as correntes nas melhores pedras tive de entrar na água com mais de um metro de profundidade, de roupa e tudo. Diversas vezes. Sem a mais remota cerimônia. Sublime prazer, trabalhar duro pisando em pedras, algumas horas apenas, para enfim deixar firme e segura a nau vermelha que me trouxera até ali.
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