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Traduzido por: Livro Editado em Português do Brasil
Páginas: 135
Ano de edição: 2007
Peso: 205 g
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Heloísa Seixas, faz uma viagem ao passado da sua própria família, onde encontra a história de sua mãe, desde o casarão na Bahia até o Rio de Janeiro. Um lugar escuro onde a senilidade e a loucura levam as famílias ao sofrimento que só acaba com a morte. Alzheimer é um pesadelo que atinge a todos e que vai comprometendo a mente da mãe-personagem real, numa lenta degradação descrita de forma assustadora e cruel. Mercê do talento da autora, a narrativa, por vezes, parece ficção. História triste. Final coerente.
A história da degradação de uma mente comprometida, em todas as suas fases, num pesadelo familiar da propria autora.
Certa vez, escrevi que os filhos que se afastam talvez sejam aqueles que amam de verdade, e que os que ficam o fazem por vingança, para assistir a lenta degradação, ao doloroso esfacelar-se, a decomposição e a morte dos pais. Os filhos que ficam são os que odeiam. Abandonar e um gesto de amor. Muitas vezes me perguntei por que fora eu a ficar. Por que eu, a filha, se ela gostava mais dele? Muitas vezes me perguntei também por que suportei e suporto tudo isso. Varias pessoas, algumas próximas, já indagaram por que não interno minha mãe. Não sei responder. Alguma coisa me impede. Talvez seja aquela menina esforçada e certinha, que foi trabalhar cedo para não depender do dinheiro dos pais, que sempre estudou, que só queria agradar. Talvez seja ela, que dentro de mim sobrevive - e me retém. Por orgulho, para provar que pode, ou por medo de errar e ser condenada. Não sei. Acho que me sentiria envergonhada se internasse minha mãe. O que vão pensar na Bahia? E estranho como costumamos repetir nossos pais, mesmo quando conhecemos tão bem os erros cometidos, mesmo quando esses erros nos fizeram mal. As famílias baianas estão, até hoje, muito próximas, em mentalidade, das famílias portuguesas, espanholas, italianas, nesse e em inúmeros outros aspectos. Jamais internam seus velhos. Não tem o pragmatismo dos americanos ou de outros europeus. Acham que e preciso suportar seus doentes, seus loucos, senis, ate o fim. O contrário seria a derrota. Talvez eu guarde um pouco desse sentimento dentro de mim. Mas há também razões muito práticas para minha decisão. Eu consegui organizar o caos. Por habilidade, talvez, mas também por sorte. Tenho duas pessoas cuidando de minha mãe que são muito especiais, dedicadíssimas. Acho que, sem a ajuda delas, eu já teria enlouquecido. Cuidam de mamãe como se fosse uma filha, uma criancinha. Botam na cama, acalentam, dão banho, trocam fralda, passam talco. Dão comida na boca, levam para passear, tomar sol. Brincam com ela, contam histórias quando esta agitada, dão recompensas se ela se comporta bem. Fico agradecida, mas não deixo de sofrer com essa estranha inversão de valores, da qual eu própria participo. Minha mãe e um bebê. Uma criança pequena, de talvez uns 2 anos de idade. Mas uma criança triste.
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Comprei o livro da Heloísa Seixas porque ela é finalista do prêmio Jabuti, em mais de uma ocasião
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